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A Armadilha do “Ouvi Dizer” O Perigo da Informação Sem Fonte

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Quero começar a conversa de hoje com uma citação que ditará o tom da nossa reflexão:

A escassez de informação é um problema; o excesso é pior ainda.
Autor Desconhecido

Vivemos na era dos dados, em que a informação não é apenas abundante, mas também fácil de acessar. A digitalização nos apresentou um novo elemento, chamado Realidade Virtual. Em meio a tanto progresso digital, esperava-se que as pessoas estivessem mais informadas e conscientes. No entanto, o que se vê, muitas vezes, são pessoas completamente desnorteadas, resultado do excesso de informação não filtrada, que as paralisa e, em seguida, dá lugar à confusão, culminando em decisões precipitadas. Se tratando de imigração, a situação é ainda mais agravante, pois existe um péssimo hábito adquirido há muitos anos que, por meio da repetição coletiva, tornou-se um fenômeno cultural em várias sociedades: o fenômeno “Ouvi Dizer”.

A Raiz do Problema

Este foi um modelo de comunicação adotado pelos nossos ancestrais que, pela ausência de meios de comunicação modernos, recebiam e transmitiam informações de boca em boca, ou seja, de uma pessoa para outra, possibilitando a circulação de notícias. Um modelo que, por incrível que pareça, inúmeras pessoas — em particular os imigrantes — ainda identificam-se e recorrem.

Por que razão muitos imigrantes ficam reféns deste fenômeno?

Ao analisar a questão, identifiquei pelo menos três fatores recorrentes que tornam o imigrante mais vulnerável à desinformação:

  1. Barreiras de idioma: a dificuldade em compreender textos oficiais no idioma local, ou mesmo em inglês, leva muitos a depender apenas do que escutam de conhecidos.
  2. Pressa para resolver situações urgentes: diante da ansiedade por respostas rápidas, aceita-se qualquer informação sem questionar.
  3. Tendência a ignorar fontes oficiais: o desconhecimento de escritórios locais, organizações de apoio reconhecidas, sites governamentais ou documentos oficiais aumenta as chances de cair na desinformação.

O impacto da desinformação

Os efeitos do fenômeno “ouvi dizer”  são catastróficos em muitos casos. eles podem trazer sérias consequências para a vida do imigrante e da comunidade em geral: 

  1. Decisões erradas: muitos acabam por pagar taxas desnecessárias, contratam advogados e representantes sem licença nem experiência, ou até perdem prazos importantes com a imigração, o que pode prejudicar seriamente o processo de legalização.
  2. Estresse e ansiedade: viver baseado em rumores aumenta o medo, a insegurança e o sentimento de incerteza constante.
  3. Desunião na comunidade: informações falsas se espalham rápido, gerando confusão e até conflitos entre os próprios imigrantes.

Exemplos comuns do “ouvi dizer”

O “ouvi dizer” circula de diversas formas dentro da comunidade imigrante, e muitas vezes soa convincente justamente porque vem de alguém próximo ou de confiança. Alguns exemplos recorrentes são:

  • “Ouvi dizer que agora todos com processo pendente vão ser deportados.”
  • “Ouvi dizer que se não pagar um advogado caro, vai perder o caso.”
  • “Ouvi dizer que já não é mais possível aplicar para permissão de trabalho.”

Essas frases se espalham rápido, mas raramente têm base em fontes oficiais. O resultado é insegurança, decisões equivocadas e a propagação de um medo coletivo que poderia ser evitado.

O caminho para combater o “ouvi dizer”

Superar o fenômeno “ouvi dizer” exige esforço individual e coletivo. É possível reduzir a desinformação se cada imigrante adotar atitudes simples, mas eficazes:

  1. Verificar nas fontes oficiais: consultar sempre os sites governamentais (USCIS, por exemplo) ou comunicados oficiais antes de acreditar em qualquer informação.
  2. Buscar apoio em organizações reconhecidas: procurar ONGs locais, igrejas ou centros comunitários que trabalham com imigração e oferecem informações seguras.
  3. Perguntar a profissionais licenciados: advogados de imigração devidamente registrados, e não “notários” ou pessoas sem credenciais.
  4. Desenvolver senso crítico: antes de repassar algo, perguntar-se: “Quem disse isso? Qual é a fonte? Existe um documento oficial que comprove?”
  5. Educação comunitária: incentivar palestras, grupos de informação e até o uso de blogs confiáveis para espalhar a verdade.

Quando a informação certa circula, a comunidade se fortalece e o medo dá lugar à segurança.

Da desinformação à sabedoria

O fenômeno “ouvi dizer” pode parecer inofensivo, mas, na prática, traz consequências sérias: alimenta o medo, gera decisões erradas e enfraquece a comunidade imigrante. A boa notícia é que esse ciclo pode ser quebrado.

O acesso à informação hoje é amplo, e cabe a cada um de nós escolher fontes confiáveis, questionar rumores e compartilhar apenas o que for verificado. Quando a comunidade se apoia no conhecimento certo, ganha força, segurança e sabedoria para enfrentar os desafios da imigração.

No fim, a informação correta não é apenas poder — é também proteção.

Josue Zolakio
Josue Zolakio
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